Pastoral carcerária pede libertação de presos para evitar epidemia de coronavírus nas prisões

Segundo a instituição, se o vírus se espalhar pelas penitenciárias brasileiras, 'as consequências serão desastrosas'

A Pastoral Carcerária Nacional divulgou nesta sexta-feira carta aberta à população para exigir medidas concretas, como o desencarceramento de pessoas presas, para evitar uma epidemia do novo coronavírus nas prisões brasileiras.

A pastoral pede também que as garantias da Lei de Execução Penal (LEP) sejam cumpridas, garantindo aos presos o mínimo de dignidade e a adoção de ações clínico-epidemiológicas preventivas.

Segundo a pastoral, se o vírus se espalhar pelas prisões brasileiras, "as consequências serão desastrosas", pois os detentos possuem imunidade muito baixa por conta das condições degradantes existentes a que estão submetidos.

Para a pastoral, até o momento, o poder público não adotou medidas efetivas de prevensão. De acordo com a instituição, as ações se limitam a suspensão das visitas, maior limpeza das celas, com fornecimento de produtos de limpeza aos presos, distribuição de cartilhas informativas para agentes penitenciários e triagens médicas nos presos.

"De nada adianta celas mais limpas, se estas ainda continuam superlotadas, se os presos não tem materiais de higiene, tem pouco tempo de banho de sol, há racionamento de água na unidade, alimentação precária, além das torturas físicas e psicológicas – condições constantes nas unidades prisionais de todo o país", diz na carta para concluir:

"O combate efetivo à contaminação do vírus – e a todas as outras doenças que acometem os presos – é o combate às estruturas torturantes do cárcere. No Irã, por exemplo, já que a superlotação e o agrupamento de pessoas é o principal catalisador da contaminação, mais de 120 mil presos foram libertados, como medida preventiva".