Dólar vai a R$ 5,27 com temor de piora da economia mundial

Indicadores bem piores que o esperado da economia americana divulgados nesta quarta-feira (15) trouxeram novas preocupações sobre os efeitos do coronavírus na atividade econômica mundial e nos resultados das empresas.

O reflexo imediato foi a busca de proteção no dólar, que se fortaleceu tanto ante divisas fortes, como o euro, quanto nos emergentes. No mercado doméstico, o dólar chegou a bater no pior momento em quase R$ 5,27, mas o ritmo de valorização se desacelerou na parte da tarde, acompanhando certo alívio visto também lá fora. No final do dia, o dólar à vista terminou com alta de 0,99%, cotado em R$ 5,2416. No mercado futuro, o dólar para maio fechou em R$ 5,2485, em alta de 1,57%.

Nos Estados Unidos, as vendas no varejo despencaram 8,7% em março, nível recorde de queda. A produção industrial recuou 5,4%, a maior baixa mensal desde 1946, e o índice de atividade manufatureira do Federal Reserve (Fed) de Nova York recuou para o menor nível da história. Além disso, alguns balanços corporativos divulgados desde ontem, sobretudo dos grandes bancos americanos, vêm trazendo resultados mais fracos que o previsto.

Os números recentes vieram em um momento de já elevada preocupação com a atividade econômica mundial após o Fundo Monetário Internacional (FMI) ter alertado ontem para a chance de o Produto Interno Bruto (PIB) mundial registrar o pior desempenho anual desde a recessão de 1929.

"O terrível cenário econômico alimenta o sentimento de fuga de risco e fortaleceu o dólar hoje", afirmam os estrategistas de moedas do banco americano Brown Brothers Harriman (BBH). Além do dólar, o franco suíço e o iene japoneses, duas moedas consideradas como porto seguro pelos investidores internacionais, também ganharam força.

Incertezas

Neste momento, ninguém tem certeza de como se dará a recuperação da economia mundial quando as paralisações começarem a serem relaxadas, se em forma de "V", "U" ou "W", afirma o gestor e diretor do BTG Pactual, Will Landers. Por conta da crise, ele contou em evento hoje que reduziu a exposição em seus fundos ao Brasil e está buscando ativos mais defensivos.

Os dados mais recentes do Banco Central seguem mostrando saída de capital do Brasil. Só na semana passada, foram US$ 233 milhões pelo canal financeiro e, até o dia 9, US$ 3,5 bilhões.

Nos emergentes, os dados do Instituto Internacional de Finanças (IIF) indicam que a retirada de recursos de investidores estrangeiros dos mercados de bolsa e renda fixa desde o início da crise do coronavírus, em 21 de janeiro, bateu US$ 100 bilhões.

* Com informações do Estadão Conteúdo