Caso Jessica: Defesa diz que disparo ocorreu quando ex-vereador tentou tomar arma da vítima

Foto: Arquivo Pessoal

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A defesa do marido da grávida que foi morta por um tiro, na cidade de Santo Estevão, reafirmou que o disparo foi acidental. O caso aconteceu no sábado (5).

Jéssica Regina Macedo Carmo e o bebê de 9 meses morreram. Desde então, a família da vítima acusa George Passos Santana, ex-vereador e ex-chefe de gabinete da prefeitura do município, de feminicídio.

Nesta sexta-feira (11), a defesa de George conversou uma equipe da TV Subaé, afiliada da Rede Bahia, em Feira de Santana. O advogado Vinícius Dantas disse que no momento do disparo, o ex-vereador tentava tirar a arma das mãos de Jéssica, após uma conversa, cujo teor não foi revelado.

"No dia do fato, eles estavam em plena harmonia. A senhora indagou George sobre questões de foro intimo e no desenrolar dessa conversa, ele percebeu que ela estava segurando a arma de fogo. Ele tentou tirar a arma da mão dela, quando os dois caíram e arma disparou", disse o advogado.

De acordo com o advogado, George afirmou que Jéssica estava segurando a arma com as mãos para trás. Vinícius Dantas disse que logo após o fato George procurou a polícia e foi instruído a comparecer na Delegacia do Plantão Regional, em Feira de Santana.

"Infelizmente o fato ocorreu. Ele levou ela para o hospital e entrou em contato com a polícia, que o orientou ele a comparecer na delegacia do plantão da região, que era em Feira de Santana. Ele foi na delegacia, prestou esclarecimentos e em seguida foi liberado", disse.

A defesa ainda negou que George tenha apagado imagens de câmeras de segurança, como alega a família de Jéssica. Segundo o advogado, todas as imagens estão em posse do delegado que acompanha do caso.

"As imagens da câmera de segurança foram preservadas e o HD está em posse do delegado", contou.

Sob a acusação de que George não teria posse de arma, o advogado disse que não pode responder porque ainda não conversou com o suspeito sobre isso. A defesa diz ainda que o ex-vereador está abalado.

"Ele entrou em choque e não pude conversar detalhes. Não posso responder se ele tem porte porque não sei", disse.

Vinícius Dantas ainda afirmou que o casal vivia um relacionamento tranquilo e que George seria o mais interessado na resolução do ocorrido. Diferente da versão da família de Jéssica diz que a vítima vivia um relacionamento abusivo com o suspeito.

"Eles viviam em harmonia, viviam bem. Eles eram um casal feliz. Planejaram o quarto da criança e estavam muito felizes esperando a chegada de Heitor [o bebê]. George é o maior interessado em colaborar e que a verdade seja dita. Ele está colaborando, vai participar da reconstituição e de tudo o que for solicitado de imediato", disse.

Na versão da família de Jéssica, o casal não vivia um clima de harmonia. "Ele é uma pessoa possessiva. Todo mundo sabe que ele é muito possessivo. Tanto é que ela só ficava em casa, só vinha ver a filha e não demorava quase nada e ia embora", disse Vitória Régis, irmã de Jéssica.

Para conseguir mais informações sobre o processo, a família da grávida contratou uma advogada. A defesa da família pretende colaborar com a acusação.

"Vamos trabalhar no sentido de descontruir a versão do acusado, através de provas periciais e outras pericias que o caso requer. É necessário que o criminoso responda por crime qualificado por feminicídio. Esse é um clamor de toda a Bahia", disse Martine Veloso, advogada da família.

Protestos e pedidos por justiça

Na última quarta-feira (9), familiares e amigos da grávida Jéssica Regina Macedo Carmo fizeram um protesto na frente do fórum de Santo Estevão. A manifestação aconteceu com o objetivo de pedir a prisão preventiva de George Passos Santana.

"Primeiro ele [promotor] me disse que já estava no caso, que entrou em contato com delegado de Feira de Santana e que tem muita gente empenhada em solucionar o caso da minha irmã. Só que a gente quer uma resposta sobre a prisão preventiva e isso não aconteceu", disse Vitória Régis, irmã de Jessica.

A irmã da vítima contou que um promotor do Ministério Público afirmou que a prisão preventiva do suspeito ainda não foi pedida, porque a Polícia Civil não tem elementos suficientes para fazer a solicitação à Justiça.

"A gente está com medo, a gente tem medo e a gente quer a prisão preventiva dele para já. A gente quer justiça e para a gente ficar satisfeito, ele tem que estar preso, tem que responder", desabafou Vitória.

Os familiares, que seguravam cartazes e balões, dizem que não vão desistir de cobrar resposta sobre o caso.

O crime

Jéssica Regina Macedo Carmo estava com nove meses de gestação e foi baleada com um tiro nas costas, no último sábado (5). George alegou que o disparo foi acidental, mas a família da vítima rebateu a informação.

Mesmo após se apresentar na delegacia, George não foi preso porque havia passado o prazo do flagrante.

George ocupava o cargo de chefe de gabinete na prefeitura e foi exonerado do cargo na segunda-feira (7). Na ocasião, a prefeitura também repudiou "qualquer tipo de violência, sobretudo aquela praticada contra mulheres".

O caso era investigado pela Delegacia de Santo Estevão. No entanto, a delegada-geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Brito, determinou que a Coordenadoria Regional de Feira de Santana assuma o trabalho, para que o inquérito seja concluído com mais rapidez.