Decisivo de novo: MG confirma tradição em vitória acirrada de Lula

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente do Brasil Imagem: Reprodução

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente do Brasil Imagem: Reprodução

Desde a redemocratização do Brasil nunca um candidato à presidência que perdeu em Minas Gerais conseguiu se eleger nacionalmente. Mais do que isso, em Minas Gerais a divisão dos votos costuma ficar bem próxima da média nacional. Isso se confirmou novamente neste domingo (30), com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas Eleições 2022.

O candidato derrotado Jair Bolsonaro (PL) liderou no estado durante parte da apuração, mas levou a virada na reta final quando dados de outras regiões passaram a chegar. O mesmo ocorreu em Amazonas, outro estado onde o vencedor da eleição sempre ganha — a importância de Minas é maior, contudo, pela maior quantidade de eleitores.

Com 99,93% das urnas apuradas às 21h10, Lula tinha 50,19% dos votos contra 49,81% de Jair Bolsonaro (PL) em Minas Gerais. Nacionalmente, com o mesmo porcentual de urnas apuradas, Lula tinha 50,9%, contra 49,1% de Bolsonaro.

No primeiro turno das Eleições 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) terminou o pleito na liderança, com 48,43% dos votos, enquanto o segundo colocado, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), obteve 43,20% dos votos. Em Minas Gerais, Lula teve 48,29% e Bolsonaro, 43,60%.

"Em Minas, existe praticamente um retrato do Brasil. Por ser um estado muito grande, encontra-se segmentos do eleitorado da mais alta renda e segmentos das faixas menores. É um microcosmo da própria dimensão da votação que se tem no Brasil", aponta o cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie Rodrigo Prando.

Esse cenário se evidencia na composição sociodemográfica do estado, com regiões que seriam muito semelhantes a outras localidades do país. O norte de Minas, por exemplo, possui características muito semelhantes de parte do Nordeste brasileiro, enquanto a Zona da Mata mineira se assemelha ao Rio de Janeiro, e o sul e o triângulo mineiro se aproximam de São Paulo.

"Minas Gerais apresenta características sociodemográficas que expressam uma certa heterogeneidade que é muito semelhante à heterogeneidade do país. Ele expressa bem as características do eleitorado nacional em apenas um estado", explica o cientista político e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Leonardo Avritzer.

Em 2018, Jair Bolsonaro, no então PSL, venceu Fernando Haddad (PT) por 55,13% a 44,87%, no segundo turno. Em Minas Gerais, 58,19% dos votos foram para Bolsonaro, enquanto o petista levou 41,81%.

Já em 2014, a diferença entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) também foi bastante próxima nos cenários nacional e estadual. No primeiro turno, Dilma terminou líder com 41,59% dos votos, contra 33,55%, enquanto no voto mineiro a ex-presidente conquistou 43,19%, e Aécio recebeu 39,82% — o tucano tinha Minas como seu reduto eleitoral.

No segundo turno, novamente um cenário muito próximo: no Brasil, Dilma terminou a eleição com 51,64%, enquanto em Minas ela teve 52,41%, e Aécio Neves fez 48,36% nacionalmente e 47,59% em MG.

De 1994 a 2010, o cenário se repetiu, tanto no primeiro quanto no segundo turno. A diferença entre a votação nacional e em Minas foi muito próxima, com uma diferença de, no máximo, cinco pontos percentuais.

A maior diferença entre o resultado nacional e o resultado em Minas Gerais foi em 1994, quando FHC (PSDB) terminou a votação com 54,28%, mas no estado recebeu 64,82% dos votos. Lula, na segunda colocação, recebeu 27,04% dos votos no Brasil, enquanto em Minas recebeu 21,90%.