Poeta santoestevense Fabrício Oliveira vence concurso nacional de poesia

Foto: Arquivo Pessoal

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O escritor santoestevense, Fabrício Oliveira, foi o vencedor do XXX Prêmio Moutonnée de Poesia, com o poema "Esquizofrenia".

O poeta ficou em primeiro lugar em um universo de 1.432 escritos, de todos os estados brasileiros, além de poesias de seis países.

Fabrício falou que participou pela primeira vez do concurso. Para ele a premiação tem um significado importante.

"Significa uma imensa alegria porque esse prêmio, além de ser um dos mais importantes do Brasil, é, de certa forma, um reconhecimento do meu trabalho. E ser reconhecido é algo imprescindível para qualquer escritor", enfatizou.

O Prêmio Moutonnée de Poesia edição 2022 selecionou poesias inspiradas no tema Pós-moderno; pós-tudo.

Conforme a organização do concurso, essa temática tem o objetivo de fomentar poemas que iluminem o centenário da Semana de Arte Moderna, evento de experimentação, de ruptura com o passado artístico, com grande renovação da linguagem e liberdade criadora.

Os vencedores foram premiados na noite de sábado (26), na Biblioteca Municipal de Salto no estado de São Paulo.

O Escritor

Fabrício Oliveira é poeta, graduado em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual de Feira de Santana-UEFS e professor de Língua Portuguesa.

O poema premiado

Esquizofrenia

O pai de minha mãe, aos 39 anos de idade,

andou descalço pela primeira vez e nunca mais usou sandálias

nem seu nome

nem sapatos.

Aos 39 anos, o pai de minha mãe

começou a andar com as mãos para trás

(dedos irrequietos),

assoviando papa-capins

num descampado

ante porcos sangrando porcos.

O pai de minha mãe é o degredo, o fosso,

um homem magro, negro,

unhas febris e de coração peco, roto

tentando - inutilmente - despir o crepúsculo.

O pai de minha mãe, aos 39 anos de idade, desenhou uma janela onde uma voz o xingou.

Aos 39 anos,

começou a vestir pelo avesso,

a construir os muros da vida futura

e a deitar as mãos sobre a terra

para ouvir as vozes esgarçadas

das águas dentro dos canos

abafando as manhãs.

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