Uso de gestos com as mãos gera preocupação com a segurança em regiões dominadas por facções criminosas
Nos últimos dias, o uso de gestos com as mãos que podem ser interpretados como símbolos de facções criminosas tem gerado uma onda de violência em algumas regiões do Brasil. Casos recentes, como o de Henrique Marques de Jesus, de 16 anos, e das irmãs Rayane Alves Porto, de 25, e Rithiele Alves Porto, de 28, chamaram a atenção para o perigo que essas ações aparentemente inofensivas podem representar.
Henrique, paulista, estava de férias com a família em Jericoacoara, no Ceará, quando tirou uma foto fazendo um gesto com três dedos apontados, semelhante ao formato de uma arma. Na região, esse símbolo é associado a uma das facções criminosas que atuam no estado. Dias depois, Henrique foi vítima de uma tragédia que, segundo investigações preliminares, pode ter sido motivada pela interpretação do gesto na imagem.
Outro caso que ganhou repercussão foi o das irmãs Rayane e Rithiele, em Porto Esperidião, no Mato Grosso. As duas jovens foram assassinadas após, supostamente, terem feito sinais com as mãos em uma foto, o que teria sido interpretado como uma provocação por integrantes de uma facção rival.
Artista retira clipe após receio de represálias
Até mesmo no meio artístico, a preocupação com os símbolos tem gerado mudanças. A cantora Duquesa decidiu retirar do ar o videoclipe de sua música "Fuso", lançado em 16 de dezembro, após uma cena em que ela faz o número "3" com as mãos ser interpretada como um gesto relacionado a uma facção criminosa. Com medo de possíveis retaliações, a artista optou por suspender a divulgação do material.
Violência concentrada no Centro-Oeste e Nordeste
Grande parte dos casos de violência relacionados ao uso de gestos interpretados como símbolos de facções foi registrada nas regiões Centro-Oeste e Nordeste do país, onde a rivalidade entre grupos criminosos tem se intensificado. Embora não exista uma regra clara para identificar esses símbolos, as facções costumam se identificar por números, como o "2" e o "3", levando a interpretações perigosas de gestos que envolvam dedos levantados.
Policiais e especialistas alertam que, devido à falta de um protocolo oficial sobre esses símbolos e à variabilidade de interpretações, é importante evitar gestos que possam ser confundidos com números ou marcas de facções, especialmente em regiões onde a atuação desses grupos é mais intensa.
A situação preocupa moradores, turistas e artistas, que passam a conviver com um risco invisível: o de serem interpretados como membros ou simpatizantes de facções criminosas apenas por um gesto ou símbolo aparentemente inofensivo. ?