Ministério da Saúde recomenda suplementação de cálcio para prevenir pré-eclâmpsia na gravidez
A pré-eclâmpsia é uma condição grave que pode surgir durante a gravidez, caracterizando-se, principalmente, pelo aumento da pressão arterial. No entanto, essa doença também pode comprometer órgãos vitais como rins, fígado e cérebro. Rápida, perigosa e silenciosa, a pré-eclâmpsia é uma das principais causas de morte materna no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
A cantora Lexa viveu essa experiência de perto. Internada com 24 semanas na Maternidade Santa Joana, em São Paulo, ela enfrentou um período desafiador para garantir a vida da sua filha, Sofia. "Eu estava ali lutando, semana a semana, para segurar a gestação, porque sabia que quanto mais tempo da Soso na minha barriga, maior a possibilidade de vida dela", relatou Lexa. Ao longo de 17 dias de internação, sendo quatro na UTI, a artista desenvolveu a síndrome HELLP, uma forma severa da pré-eclâmpsia que pode levar à morte materna.
A síndrome HELLP é caracterizada por três fatores principais: hemólise (destruição dos glóbulos vermelhos), elevação das enzimas hepáticas (indicando comprometimento do fígado) e queda no número de plaquetas (o que pode provocar hemorragias). "Eu lembro de sentir uma dor de estômago muito forte, minha dor de cabeça não passava. Minha mão já estava de uma maneira que não fechava mais", contou a cantora.
Os principais fatores de risco incluem obesidade, hipertensão, diabetes, doenças autoimunes e gestação gemelar. Contudo, algumas pacientes podem desenvolver a condição sem apresentar fatores de risco evidentes, tornando o acompanhamento médico essencial.
Diante da gravidade do problema, o Ministério da Saúde adotou medidas preventivas, recomendando a suplementação universal de cálcio para todas as gestantes, com o objetivo de reduzir a incidência de pré-eclâmpsia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta a ingestão diária de 1.500 a 2.000 miligramas de cálcio, quantidade que pode ser encontrada em alimentos como leite e brócolis.
A nova diretriz do Ministério da Saúde foi publicada na Nota Técnica Conjunta nº 251/2024 e integra a Rede Alyne, principal estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) para fortalecer o pré-natal e reduzir as desigualdades no cuidado materno e infantil. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, ressaltou a importância da medida: "Esse é um avanço fundamental na nossa estratégia de redução da mortalidade materna. Nosso compromisso é garantir um pré-natal mais seguro e acessível para todas as mães."
A hipertensão na gravidez é um dos principais fatores de risco para a pré-eclâmpsia, podendo resultar em parto prematuro e óbito materno e neonatal. Com a adoção da suplementação de cálcio e o fortalecimento do pré-natal, espera-se um avanço significativo na prevenção e no cuidado das gestantes em todo o país.