Cartão vermelho de Bolsonaro não foi para mim, diz Guedes sobre ameaça de demissão

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a ameaça de demissão dada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao anunciar o fim das discussões do Renda Brasil na manhã desta terça-feira, 15, não foi para ele. Em um vídeo divulgado no seu perfil oficial do Twitter, Bolsonaro afirmou que merece "cartão vermelho" quem propor mexer em benefícios de idosos e deficientes públicos para financiar o Renda Brasil. "O cartão vermelho não foi para mim, conversei com ele hoje cedo", afirmou Guedes durante o webnário Painel Telebrasil 2020, promovido pela Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil). A fala do ministro estava prevista para as 9 horas, porém, foi adiada por causa de uma reunião de emergência com o presidente. Momentos depois, Bolsonaro anunciou o fim das discussões para a criação do Renda Brasil, o projeto social do governo federal para substituir o Bolsa Família.

O ministro defendeu a fala do presidente e afirmou que o vídeo divulgado nesta manhã foi uma "declaração política" diante a divulgação na imprensa de que o governo estuda congelar o salário mínimo e benefícios pagos pela previdência social. A fonte de financiamento foi o principal percalço para a formulação do Renda Brasil. "A decisão do presidente foi correta. Se a mídia toda está dizendo que estou tirando dinheiro dos pobres, vou anunciar em alto e bom som: não vou fazer isso. Não vou anabolizar o Renda Brasil e buscar a popularidade sendo irresponsável", afirmou o ministro. No fim de agosto, Bolsonaro já havia repreendido a sua equipe econômica publicamente ao afirmar que não poderia "tirar de pobres para dar para paupérrimos". À época, Guedes afirmou que a declaração havia sido uma "entrada perigosa", também usando uma metáfora futebolística para explicar a relação com o presidente.

Segundo o ministro, a proposta para financiar o Renda Brasil passa pela desindexação da verba pública, o principal ponto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacto federativo, enviado pela equipe econômica no fim do ano passado. "Os prefeitos e governadores têm que decidir como vão gastar, o presidente da República, eleito com 60 milhões de votos, tem o direito de decidir como usar os recursos públicos. A essência da política é poder decidir o que fazer com os recursos."

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Mais cedo, o presidente anunciou que, até 2022, em seu governo, não se fala mais emRenda Brasil.Ele citou que acordou surpreendido por manchetes em todos os jornais com especulações sobre o tema. "Jamais vou tirar dos pobres para dar para paupérrimos", disse. "Quem, por ventura, venha propor medidas como essas eu só posso dar cartão vermelho. É gente que não tem o mínimo de coração e entendimento de como vive o aposentado. Pode ser que alguém da equipe econômica falou, mas não o governo."Jair Bolsonaroainda disse que jamais vai congelar salário de aposentados ou fazer com que o auxílio para idosos e pessoas com deficiência seja reduzido por qualquer coisa. "Até 2022, no meu governo, está proibido falar a palavraRenda Brasil. Vamos continuar com oBolsa Famíliae ponto final", completou.