"Impacto será pior do que estava projetado", diz economista sobre crise mundial

A disputa entre Rússia e Arábia Saudita pelo preço do petróleo trouxe mais incertezas para as economias mundiais. A afirmação é Jason Vieira, economista chefe do Infinity Asset, em entrevista ao Jornal da Manhã nesta segunda-feira (9).

Em meio à guerra do petróleo, a Arábia Saudita diminuiu em cerca de 30% o valor de venda do barril de petróleo no país. O objeto é aumentar a produção de petróleo no próximo mês. A ação fez com que o combustível despencasse o valor a níveis da Guerra do Golfo e acabou "assustando o mercado".

O embate entre os países já gerou impactos no mercado financeiro, levando a queda de bolsas de valores, além do aumento da cotação cambial do dólar, que no Brasil já atingiu R$4,78 desde a abertura da bolsa nesta segunda-feira (9).

Para o economista, dada a situação no mercado, que já está mais sensível pelo avanço do coronavírus, é impossível prever todos os impactos que a disputa, considerada a "tempestade perfeita", pode gerar na economia brasileira e mundial.

"É difícil mensurar os impactos, até porque não sabemos o fim da história, estamos no meio dela. O problema é mensurar o impacto econômico, o dólar em alta e as bolsas de valores em queda, isso é a única mensuração mais fácil. É muito difícil fazer qualquer previsão. É um contexto de extrema volatilidade e isso faz com que as previsões de crescimento para um país emergente fiquem extremamente prejudicadas. "

Para ele, a única certeza é que os impactos serão piores do que está projetado e "99% das previsões estão fadadas ao erro".

Banco Central

Vieira falou ainda que considera que situação dos Bancos Centrais está ficando mais difícil e que, aparentemente, algumas decisões mais ousadas dos bancos no mundo podem ter aumentado o pânico no mercado. Por isso, para o economista, um possível corte de juros pelo Banco Central poderia também impactar no câmbio.

Com o objetivo de conter a crescendo alta do dólar e desvalorização do real, o Banco Central deve atuar hoje disponibilizando cerca de 3 bilhões de dólares em leilão de contratos de swap cambial tradicional.