Adolescente que matou aluna em escola era considerado tranquilo e com bom comportamento, diz polícia

Segundo o tenente coronel, ainda não foi possível ouvir o adolescente, pois está internado em estado grave no Hospital do Oeste e entubado.

Foto: Reprodução Redes Sociais

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O adolescente de 14 anos responsável pelo ataque que culminou na morte de uma aluna cadeirante de 20 anos na escola onde estava matriculado, em Barreiras, era considerado como um garoto tranquilo, mas que não tinha amigos.

Em entrevista ao Acorda Cidade, na manhã desta terça-feira (27), o tenente coronel Fábio Santana, que responde pelo Comando de Policiamento Regional Oeste (CPRO), informou que logo após o massacre na escola cívico-militar Eurides Santana, em Barreiras, uma guarnição da PM foi até a casa do estudante e ouviu o pai, que afirmou não saber de nada do que estava ocorrendo.

"A arma pertencia ao pai, que é um policial militar da reserva da corporação de Brasília. Inclusive, mantivemos contato com ele, e como suspeitamos, ele não estava sabendo o que estava acontecendo, não sabia de nada. Ele informou que o filho era um menino tranquilo, não tinha muitas amizades, era praticamente o tempo todo dentro de casa no computador, era antissocial, não saia e não se comunicava. Ele achava que estava tudo certo, mas na verdade a gente observa que a influência das redes sociais deve ter direcionado esse garoto a fazer isso aí", lamentou o coronel Fábio.

Segundo o tenente coronel, ainda não foi possível ouvir o adolescente, pois está internado em estado grave no Hospital do Oeste e entubado. Mas, já foram ouvidas outras testemunhas, como os estudantes que presenciaram o crime, os professores e o pai do garoto. Além disso, foram identificadas postagens nas redes sociais com declarações que indicavam os planos do adolescente.

Como tudo aconteceu

Segundo o tenente coronel Fábio Santana, de acordo com as informações colhidas, logo que as portas da escola se abriram e os estudantes adentraram a escola, o adolescente de 14 anos chegou todo vestido preto e atirando contra os colegas.

Houve muita correria, os estudantes espalharam, mas Geane da Silva Brito não conseguiu se locomover na cadeira de rodas elétricas e se tornou um alvo fácil para o garoto descarregar toda a sua raiva.

"A Geane, que era cadeirante, não teve oportunidade devido à deficiência física, então virou um alvo fácil, e ele desferiu vários golpes de faca nela, inclusive quase a degolando. Traseuntes que estavam passando pela escola perceberam a movimentação, e um que estava armado adentrou e efetuou três disparos, atingindo o adolescente, que tomou três tiros e foi internado no hospital do Oeste. Ele fez uma cirurgia, encontra-se em estado grave, mas estável, e a menina veio a óbito. Infelizmente, foi isso que aconteceu. Ele atirou cinco vezes, três deflagraram e dois picotaram. Ela, como estava em uma cadeira elétrica, não conseguiu fugir, ele descarregou toda a raiva em cima dela", informou.

Perfil fake

Conforme o tenente coronel Fábio Santana, os planos do adolescente foram revelados em seu perfil nas redes sociais, que ele mantinha utilizando um nome fictício.

"Foram identificadas algumas postagens dele em uma rede social, com nome fictício. Nessas postagens há várias mensagens que se referem ao caso, de que ele não gostava do Nordeste, se sentia sujo, um discurso de ódio, indicando que ele iria fazer alguma coisa. Só que ninguém sabia que era ele, pois usava um nome fake. Algumas pessoas poderiam até saber, mas ninguém se manifestou em relação a isso. Tudo indica que foi premeditado. Um crime que ele já vinha planejando há algum tempo", revelou.

O tenente coronel destacou que a delegacia local está à frente das investifgações e vai tentar chegar a todos os elementos possíveis para saber a motivação dessa ação.

"Ele está sob custódia da polícia, até porque muitas pessoas na cidade estão revoltadas e podem tentar alguma retaliação. (…) Em Barreiras, nós pegamos 39 municípios da região oeste. Em relação a cidades do mesmo porte, a cidade é relativamente tranquila, tanto é que esse foi um fato isolado e nunca aconteceu na região", explicou.

Segundo ele, a delegacia também está buscando informações para identificar a pessoa que ao ver a situação na escola, entrou e deflagrou três tiros contra o adolescente. "Uma terceira pessoa que vinha passando, viu a gritaria, adentrou a escola, efetuou os disparos e saiu. O delegado vai investigar para ver como fica esta pessoa", disse.

Ele destacou que a cidade está em choque, pois se trata de um local relativamente tranquilo, comparado com cidades do mesmo porte.

"Realmente foi uma situação muito triste que aconteceu aqui em Barreiras, um fato que nunca aconteceu aqui antes. Um adolescente que adentrou a escola onde era aluno, do turno da tarde. Ele invadiu a escola pela manhã todo vestido de preto, armado com um revólver calibre 38 que pertencia ao pai dele, ele subtraiu essa arma do pai, e algumas armas brancas, como faca, facão e canivete, e uma bomba caseira na mochila", concluiu.