"Vivem de migalhas", diz advogada ao atacar nordestinos em vídeo nas redes sociais

Foto: Reprodução O Tempo

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Um vídeo que circula nas redes sociais mostra a vice-presidenta da OAB Mulher de Uberlândia, Flavia Aparecida Rodrigues Moraes, atacando a população do Nordeste. Ao lado de duas outras mulheres, ela faz um brinde, afirmando que o povo "vive de migalhas". A fala foi criticada pela deputada federal Dandara Tonantzin (PT), que pretende abrir queixa contra Flavia por crime de xenofobia.

"A todos aqueles brasileiros que, a partir de hoje, tem que ser muito inteligente (sic): nós geramos empregos, nós pagamos impostos. E sabe o que a gente faz? A gente gasta o nosso dinheiro lá no Nordeste. Não vamos fazer isso mais, vamos gastar dinheiro com quem realmente precisa, com quem realmente merece", diz Flávia em vídeo postado no Instagram.

Ao fazer um brinde com outras duas mulheres, a vice-presidenta da OAB de Uberlândia completa: "A gente não vai mais alimentar quem vive de migalhas. Vamos gastar o nosso dinheiro aqui no Sudeste, ou no Sul, ou fora do Brasil, que inclusive é muito mais barato. Um brinde a nós que deixamos de ser palhaças a partir de hoje".

Dandara, deputada federal recém-eleita, postou o vídeo, afirmando que levará o caso para a Justiça. "Recebi com revolta o vídeo da fala xenofóbica da vice presidenta da OAB Mulher de Uberlândia. Estou entrando agora com representação na OAB e com queixa crime na justiça. E também cobrarei ações enérgicas e imediatas! Xenofobia não passará!

"Esse vídeo representa um pensamento retrógrado com o qual não podemos compactuar ou legitimar em pleno século XXI. Ainda mais vindo de uma advogada que conhece muito bem o regramento jurídico desse país(...) Não podemos naturalizar esse tipo de comportamento", disse Dandara. Nesta quinta-feira (6), a deputada eleita entrou com pedido disciplinar na OAB.

De acordo com a Lei 9459, de 13 de maio de 1997, a xenofobia é considerada crime no Brasil, com punição para crimes "resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". A pena é de reclusão de um a três anos e multa.

OAB se manifesta

A OAB de Uberlândia publicou, via redes sociais, um posicionamento a respeito do vídeo. "A OAB Uberlândia tem caráter plural e apolítico e em respeito a isto, não se manifesta sobre declarações de cunho pessoal de seus inscritos. Neste sentido, a OAB Uberlândia reafirma que as declarações da advogada, então vice-presidente da Comissão Mulher Advogada da Subseção, não refletem o posicionamento da Instituição.

A advogada apresentou pedido de licença do cargo de vice-presidente da Comissão da Mulher Advogada para se dedicar pessoalmente sobre o assunto".