Casas Bahia corre risco de perder até R$ 9 bilhões em ações judiciais

Foto: Reprodução/Época Negócios

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Com uma dívida bruta de quase R$ 4 bilhões e um caixa de R$ 3,6 bilhões no final de dezembro, o Grupo Casas Bahia (BHIA3), um dos principais varejistas de eletrodomésticos e móveis do Brasil, estuda fechar até 70 lojas em 2024 para reduzir custos, após reportar um prejuízo líquido de R$ 2,6 bilhões em 2023. Isso representaria uma redução de 6,5% no parque de lojas, que totalizava 1.078 unidades em dezembro, de acordo com informações da Bloomberg línea.

Os auditores notaram que demandas no valor de R$ 9 bilhões que correm nos tribunais não estão provisionadas no balanço devido à avaliação por parte da diretoria, apoiada por assessores jurídicos internos e externos. "O prognóstico é de perda possível", pontuaram, indicando a necessidade de complemento da provisão. Os processos da Casas Bahia são classificados de acordo com o risco de perda (provável, possível e remoto) a partir da avaliação feita pelo departamento jurídico sobre as evidências, a hierarquia das leis, a jurisprudência disponível, as decisões mais recentes nos tribunais e sua relevância jurídica.

Os critérios e as premissas adotados pela diretoria nas estimativas para constituição das provisões para demandas judiciais trabalhistas, cíveis e tributárias foram, no entanto, considerados "aceitáveis" pela EY. No final de 2023, o grupo tinha provisão de R$ 2,4 bilhões para processos judiciais.

Em dezembro, o grupo mantinha uma provisão de R$ 1,8 bilhão para processos trabalhistas devido às demissões, situação atribuída ao "reflexo da rotatividade normal de seus negócios e das ações reestruturantes efetuadas nos últimos anos". Em 2023, o índice de rotatividade de pessoal do grupo chegou a 30,3%, acima dos 25,8% de 2022.

O risco de crédito da Casas Bahia é acompanhado de perto por algumas das maiores instituições financeiras do país, dado que grande parte das vendas da companhia é realizada por meio de cartão de crédito, cujas receitas futuras são securitizadas com as administradoras de cartões de crédito e com bancos.

As vendas financiadas da varejista por meio de operação de repasse com instituições financeiras têm linhas de crédito junto a Bradesco (BBDC4), Safra, Banco do Brasil (BBAS3), Daycoval e BTG Pactual (BPAC11), segundo o balanço. O grupo tem parceria com o Bradesco para oferta de cartões de crédito e outros produtos financeiros na rede de lojas e sites operados sob a marca Casas Bahia, com vigência até novembro de 2032.

Antes considerado um dos principais anunciantes do país, as Casas Bahia cortou em 30% suas despesas com marketing em 2023 e em 42% nos cargos de alta liderança.