Secretários do Ministério da Economia, Salim Mattar e Paulo Uebel pedem demissão

Os secretários Especial de Desestatização e Desinvestimento, Salim Mattar, e o de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel, pediram demissão nesta terça-feira, 11. Em coletiva de imprensa nesta noite, o ministro Paulo Guedes confirmou a informação. Em nota enviada à Jovem Pan, ambos "agradeceram a oportunidade que receberam do ministro ao longo de todo o período em que estiveram no comando da Secretarias" e reiteraram "seu apoio ao Presidente Jair Bolsonaro, ao ministro Paulo Guedes e ao Ministério da Economia na execução de políticas públicas tão relevantes ao país".

Durante a entrevista, Guedes esclareceu que os secretários estavam insatisfeitos: Mattar com a dificuldade em fazer as privatizações, e Uebel com a falta de tramitação da reforma administrativa. "Hoje houve uma debandada", afirmou. De acordo com o ministro, o secretário de Desestatização demonstrou "insatisfação com o ritmo de privatização". "Vocês têm que perguntar para ele quem está impedindo a privatização. Ele me disse que é muito difícil privatizar, que o establishment não deixa e que precisa de um apoio mais definido e decisivo. Eu sempre digo que para fazer cessão onerosa, reforma da previdência, cada um de nós teve que lutar, e para privatizar é o mesmo, não adianta esperar a ajuda de "papai do céu", disse. Ele afirmou que a proposta do governo de Jair Bolsonaro foi de "transformação do Estado", e que vão lutar "até conseguir isso". "Não avançamos com velocidade nas privatizações. Salim vai dizer que o governo não está ajudando, e o governo vai dizer que o Congresso pode ajudar mais, são narrativas, cada um vai ter uma. Agradeço muito o trabalho dele", declarou.

Já em relação a Uebel, Guedes disse que ele "mostra que é um jovem que, olhando para o que aconteceu, não gostou". "Mas quem comanda as reformas são os políticos, se o presidente achar que é importante, pode avançar, e se achar que não é importante no momento, pode retardar. Um tá reclamando dizendo que tá indo devagar, o outro tá dizendo: eu sou o presidente, vou na direção que eu quiser." Guedes falou, ainda, que a reação do governo à essa "debandada" é acelerar as reformas. "Vamos avançar, destravar os investimentos. Nosso regime democrático tá dando um exemplo. Toda hora alguém pisa no pé de alguém, vem aquela reclamação, é normal, as democracias são barulhentas. Mas a verdade é que enfrentamos uma crise forte e podemos ter diferenças entre nós, mas estamos enfrentando".

Na última sexta-feira, em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, daJovem Pan, Mattar afirmou que, se possível, "ele e Guedes acabariam com todas as estatais". Mas temos orientação do presidente Jair Bolsonaroque a Caixa, oBanco do Brasile aPetrobrás não serão vendidos". Na ocasião, também criticou a quantidade de estatais no Brasil — 698, mais do que ele imaginava — e disse que o funcionalismo precisa diminuir. Mattar foi anunciado para chefiar a secretaria da pasta em novembro de 2018, e começou no cargo em janeiro de 2019, no início do mandato do presidente Jair Bolsonaro. Uebel também esteve no governo desde o começo e, recentemente, estava responsável pela reforma administrativa, uma das prioridades da agenda econômica no início de 2020, mas que perdeu força com a pandemia da Covid-19.

Confira a nota na íntegra:

O Ministério da Economia informa que os secretários especiais de Desestatização e Privatização, Salim Mattar, e de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel, solicitaram exoneração ao Ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira (11/08). Os secretários agradecem a oportunidade e a confiança que receberam do Ministro Paulo Guedes ao longo de todo o período em que estiveram no comando da Secretarias. Ambos reiteram seu apoio ao Presidente Jair Bolsonaro, ao Ministro Paulo Guedes e ao Ministério da Economia na execução de políticas públicas tão relevantes ao país.

* Com informações da Agência Brasil