Segurança na posse de Lula terá snipers, drones e restrição na Praça dos Três Poderes

Foto: Divulgação / Ricardo Stuckert

Foto: Divulgação / Ricardo Stuckert

A posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ocorrerá em clima de festividade e apreensão. Diante da recente ameaça de bomba na capital do país, a equipe responsável pela proteção ao petista fez um planejamento de segurança robusto para este domingo (1º), que terá de snipers a público restrito e detector de metais.

Nos últimos dias, o plano teve de ser reavaliado pela equipe de transição e pelo governo do Distrito Federal após os casos de vandalismo, com ataque à sede da Polícia Federal, e a tentativa de ataque terrorista na véspera de Natal.

Os casos ampliaram a pressão de autoridades e petistas para que o Exército desmobilizasse o acampamento bolsonarista em frente ao quartel-general.

O fato de Jair Bolsonaro (PL) ter deixado o país a dois dias da posse deve diminuir a temperatura entre seus apoiadores, avaliam integrantes da equipe de segurança.

O primeiro passo da segurança da posse, portanto, será garantir que os manifestantes que não aceitam o resultado das urnas não se aproximem dos eventos do dia.

Como disse à Folha de S.Paulo o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Danilo, eles não poderão se afastar muito do QG, ficando restritos a uma distância de 7 quilômetros da Praça dos Três Poderes. Já não há tantos bolsonaristas como outrora, mas alguns permanecem no local.

Aliados de Lula se queixam de omissão do governo federal e do Exército frente à escalada de violência com a manutenção do acampamento. Eles defendiam uma ação mais enérgica para dispersá-los.

Integrantes das Forças Armadas e das forças de segurança do DF, por sua vez, acreditam que uma medida mais drástica poderia incendiar os bolsonaristas e levar a um conflito.

A equipe do presidente eleito também adotou como medida escantear o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da segurança presidencial, reduzindo seu protagonismo na coordenação do planejamento.

Há desconfiança entre petistas de que o ministério, hoje comandado por Augusto Heleno, tenha sido aparelhado de bolsonaristas.

Pelo mesmo motivo, a escolta do comboio oficial do presidente eleito durante a posse não será feita pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), como ocorreu em anos anteriores. Mas sim pela Polícia Militar do Distrito Federal.

O PT espera cerca de 300 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios e planejou um festival de música e atrações ao longo do dia 1º de janeiro.

Lula convidou, na última quinta-feira (29), seus apoiadores a comparecerem à posse e disse que quem ganhou as eleições tem direito de fazer uma grande festa popular e quem perdeu deve ficar "quietinho".

"Todo mundo está convidado para o ato da posse. Por favor, domingo estejam aí [em Brasília], que não vai ter barulho. Não fiquem preocupados. Quem perdeu as eleições que fique quietinho. E quem ganhou tem o direito de fazer uma grande festa popular aqui em Brasília", disse o petista, durante o último anúncio de ministros do seu governo.

A Esplanada dos Ministérios terá esquema de segurança reforçado para abrigar as centenas de milhares de apoiadores que vão assistir Lula subir a rampa pela terceira vez.

Segundo o planejamento, haverá snipers (atiradores de elite) em cima dos prédios da Esplanada. Além disso, será feito um controle por meio de câmeras e drones.

A Secretaria de Segurança Pública do DF também montará uma tenda, ao lado do Museu Nacional, para dar apoio aos agentes que participarem da operação da posse.

O local servirá como base das forças de segurança, com sistemas instalados para analisar as imagens de câmeras espalhadas pela Esplanada dos Ministérios.