Rui chama deputados baianos que votaram a favor da PEC dos Precatórios de "traíras"

Foto: Reprodução

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O governador da Bahia, Rui Costa (PT), externou a irritação com os deputados federais baianos que votaram a favor da PEC dos Precatórios, que teve o texto-base aprovado na última quarta-feira (3/11), na Câmara.

O intuito da proposta é viabilizar o valor de R$ 400 do Auxílio Brasil, o novo Bolsa Família, mas tem uma série de pontos que vão além da concessão do benefício. O petista associou os parlamentares, em especial os bolsonaristas, aos portugueses que colonizaram o Brasil no início do século XVI.

"Os portugueses queriam roubar o povo indígena, os bens naturais, o ouro. O que eles faziam naquela época? Antes, até do tráfico de negros vindos da África, eles traziam espelhos, bugigangas, para iludir o povo indígena. Enquanto distribuíam espelhos, estavam levando o ouro embora. É a mesma coisa que os deputados aliados de Bolsonaro querem fazer com o povo da Bahia, do Brasil e do Nordeste", disse nesta quinta-feira (4/11), em visita ao município de Jaguarari, a 409 km de Salvador.

"Chegam aqui distribuindo quinquilharias em troca dos bilhões que estão tirando do povo baiano e do povo nordestino, em troca da miséria que eles fizeram aumentar no nosso país", acrescentou.

Em discurso inflamado, o governador demonstrou indignação e chamou os parlamentares de traíras. "Chega de deputado traíra. Chega de gente que maltrata o nosso povo e que vem aqui com conversa mole enrolar o povo. O Brasil não aguenta mais. Lula ficou conhecido no mundo como presidente que tirou o país da miséria. E o que eles fizeram em pouco tempo?", questionou.

Ele pediu à população de Jaguarari que lembre quem votou a favor da proposta do governo Bolsonaro. "Eu espero que o povo dessa região saiba, no ano que vem, separar o joio do trigo. Eu não vou ser candidato no ano que vem, mas vou rodar essa Bahia inteira e pedir ao meu povo: nós precisamos separar o joio do trigo. É revoltante o que esse povo faz com o povo pobre desse país. É revoltante ver deputado eleito com voto da população votando contra a Bahia, contra os baianos", concluiu.

A principal reclamação de Rui é em relação a um trecho da PEC que faria com que a União deixasse de pagar, pelo menos por ora, uma dívida de R$ 10 bilhões à Bahia de dívidas ligadas à Educação. Contudo, o chefe do Palácio de Ondina, após pressões públicas, articulou, junto ao senador Otto Alencar, a alteração deste item. Agora, o Governo Federal tem até 2024 para pagar os débitos.

Enquanto Rui conversou com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Otto dialogou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, com os governadores de Pernambuco (Paulo Câmara) e do Ceará (Camilo Santana), e com o secretário do Tesouro e Orçamento, Esteves Conalgo.

Apesar do apelo de Rui, deputados de PP e PSD, que fazem parte da base de apoio ao governador, votaram a favor da proposta – a nível nacional, o PP faz parte da base de sustentação do governo Bolsonaro.

O único dos dois partidos a não votar pela aprovação da PEC foi o deputado federal Paulo Magalhães (PSD). Presidente da sigla na Bahia, Otto disse que Rui já sabia da orientação do partido para que os parlamentares votassem sim para aprovar o texto.

Pelo PP, se posicionaram a favor Cacá Leão – líder do partido na Câmara –, Claudio Cajado e Mário Negromonte Jr. Já pelo PSD, foram favoráveis à aprovação Antonio Brito, Charles Fernandes, José Nunes, Otto Alencar Filho e Sergio Brito. A oposição, em sua totalidade, votou contra a PEC.